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Escritor e cineasta traça panorama da história do cinema de animação em Pernambuco


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A animação deixou de ser um gênero de cinema dedicado apenas ao público infantil. Existem filmes que mesmo direcionados para crianças podem também estabelecer diálogo com adultos, pela maneira como provocam discussões e fascinam pela técnica.

Em 2017, a animação brasileira completa 100 anos, e essa estética parece ganhar também espaço entre pesquisadores, que apresentam projetos para investigar as bases e as técnicas do gênero.

O professor Marcos Buccini, doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lança neste sábado (14) o livro "História do Cinema de Animação em Pernambuco", durante a Bienal do Livro de Pernambuco, às 19h, no Centro de Convenções.

Na segunda-feira (16), o autor participa de uma mesa redonda sobre o mercado de animação em Pernambuco, às 11h, na Faculdade Aeso-Barros Melo (Olinda). "Minha motivação foi um total desconhecimento meu e dos meus colegas animadores sobre a nossa história", diz Marcos.

"O tema surgiu a partir do trabalho de Christiane Quaresma, que estudou as animações do Ciclo do Super-8 do Recife. Este é o primeiro trabalho acadêmico a focar a animação pernambucana historicamente", diz.

"Assim, na minha tese abordei essa trajetória, não contada, desconhecida até por seus participantes. E fiz um levantamento da sua (possível) origem, em 1968, até 2010. Com o patrocínio do Funcultura Audiovisual consegui fazer um levantamento das animações pernambucanas até julho de 2017 e lançar o livro", detalha.

Raridades

O autor teve dificuldades para estruturar a pesquisa. "Como não havia nada escrito de forma aprofundada sobre a história do cinema de animação no estado, com exceção da monografia de Christiane, tive dificuldade em conseguir informações", comenta.

"Os livros sobre cinema pernambucano só mencionavam de forma superficial alguns filmes e diretores. Tive então de recorrer às entrevistas com os realizadores e às próprias obras. Utilizei catálogos de festivais e mostras. Ao total, cataloguei 267 animações", explica.

Durante a pesquisa, Marcos descobriu filmes pouco discutidos em nossa história - e consegue assim apresentar uma visão mais ampla do cinema pernambucano. "'Descobri' alguns filmes, como 'Dinâmica dos Traços', do artista plástico Ypiranga Filho. Filmes feitos em Super-8 e que eram 'desconhecidos' até por pesquisadores do movimento superoitista do Recife. Também fui atrás dos filmes e realizadores amadores, que circularam em festivais e tiveram carreira curta", detalha Buccini.

A força do livro está na forma como o autor aprofunda a história do cinema pernambucano. "O mais importante é dar dimensão à nossa produção. No início achava que iria encontrar uns 100 filmes no máximo, mas para minha surpresa foi mais do que o dobro", ressalta. "Também acho interessante que, quando coloco quantitativamente esta produção em gráficos, é notório o crescimento estimulado pelas novas tecnologias e também por ações como cursos de formação", destaca.

Pernambuco

A ausência de informações sobre o cinema de animação de Pernambuco reflete o lugar pequeno e esquecido ainda ocupado pelo gênero. "Nosso cinema de animação é historicamente marginal, autoral, experimental e amador", opina.

"Marginal não significa só estar na periferia do Brasil (que por sua vez está na periferia do mundo). Estamos também à margem do cinema com atores. A animação pernambucana tem sobrevivido de migalhas. Um artista como Lula Gonzaga é um batalhador e merece todo respeito e admiração", diz.

"É importante destacar que esta condição vem mudando. Pela conjuntura do mercado de animação nacional e pelo esforço de profissionais do ramo, Pernambuco vem mostrando um crescimento qualitativo, destacando-se como um futuro polo de produção nacional", diz.

"Um exemplo é o surgimento de empresas como a Mr. Plot e seu sucesso 'Mundo Bita', e a produtora Viu Cine, que acabou de finalizar a série 'Além da Lenda'. A Z4, que antes só trabalhava com publicidade, hoje produz conteúdo autoral de séries, como 'Bela Criativa'", lista.

Autor

Marcos Buccini tem relação desde cedo com a sétima arte. "Aos 11 ou 12 anos resolvi que queria trabalhar com cinema", diz. "Em 2002, fiz minha primeira animação, em parceria com Diego Credidio. 'A Árvore do Dinheiro', feita em Flash, ganhou o Anima Mundi Web.

Em 2005, já como professor, fui chamado para fundar e coordenar o Núcleo de Animação da Aeso-Barros Melo. Quando entrei na UFPE, em 2008, resolvi me dedicar exclusivamente ao cinema de animação", detalha.

"Já produzi diversos filmes e dirigi seis. O último será lançado este mês, chama-se 'O Consertador de Coisas Miúdas', adaptação de uma história em quadrinhos do ilustrador João Lin", detalha.

Serviço
Lançamento do livro "História do Cinema de Animação em Pernambuco", de Marcos Buccini
288 páginas, R$ 20
Na Bienal do Livro de Pernambuco (pavilhão do Centro de Convenções)
Neste sábado (14), às 19h


Fonte: Folha PE/ Diversão

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