Clipagens

Um dos poucos eventos fixos de moda do Estado, a Passarela Fenearte é uma oportunidade de conferir criações locais desfilando em um espaço democrático, que não exige convite. No line up, projetos sociais dedicados à moda, grifes já consolidadas e conhecidas pelo grande público, e coleções desenvolvidas por alunos de todas as faculdades de moda de Pernambuco, sempre com uma pegada artesanal, de roupa exclusiva, de peça carregada de valor sentimental. 

Para os estudantes, o evento é a chance de conhecer de perto os preparativos de um desfile - o corre-corre do backstage, o vai-e-vem de modelos, maquiadores, cabeleireiros e araras de roupas, montagem, cenografia, trilha sonora, camareira... Sem falar na promoção da aproximação entre design de moda e artesanato, que muitas vezes andam um pouco distantes. A passarela é um momento tão importante para os estudantes que já virou disciplina em muitas das universidades. 

A curadoria, comandada por Andréa Tom, propõe total liberdade aos designers, contanto que eles façam, através da roupa, menções aos homenageados da feira, Mestre Nuca e Louro do Pajeú. Dentro dessa proposta, um leque de variações sobre o mesmo tema: há desde o mix do urbano industrial da escola Bauhaus com o universo rural, proposto pelos alunos da Aeso, até notas musicais aplicadas no tecido e juba de leão feita de fuxico, criadas pelos alunos do Senai Caruaru. “Nesta edição, todos os nove cursos de moda pernambucanos foram contemplados na programação”, garante Andréa.

Já entre os projetos sociais com produção de moda, destaque para a comunidade quilombola de São Lourenço. Situado na zona rural de Goiana, esse grupo recebe aulas que agregam design ao artesanato feito com diferentes tipos de casca de marisco, principal fonte de renda das mulheres da região. “Elas produzem acessórios, como colares e pulseiras, com esses resíduos da pesca”, explica Ticiano Arraes, que ministra uma oficina de design com o grupo há quatro anos. 

A Secretaria da Mulher de Pernambuco (SecMulher-PE) leva para o catwalk as peças de cinco das associações com as quais trabalha. O Centro de Mulheres Rurais, de Lagoa do Carro, por  exemplo, vai inserir a técnica de tapeçaria nas roupas. Já a Associação Recicla Jeans, de Riacho das Almas, mostrará looks feitos com tramas de jeans a partir de retalhos reaproveitados. Do Curado, o grupo Arte da Terra exibirá criações em algodão cru. A renda aparece tanto nas produções da Associação Comunitária das Artesãs de Orobó quanto nos trabalhos das artesãs do Sítio Horizonte Alegre, de Pedra.