Clipagens

Produção mais fácil e mercado mais exigente



Nos idos de 1990, anos dos mais produtivos para a música pernambucana, bandas como Chico Science & Nação Zumbi, mundo livre s/a, Cavalo do Cão, Devotos (na época, do Ódio), Galera Impregnada, Paulo Francis Vai Pro Céu, Zaratempô, se autoproduziam entregando fitas K7 a quem quer que de 'importância' estivesse presente em seus shows. Junto com criatividade e originalidade, as cassetes carregavam um ruído constante. Além do chiado comum a esta mídia, as fitas - que eram chamadas de demo (de demonstração) ao invés do EP adotado hoje em dia (que vem do inglês extended play, produto maior que single e menor que um álbum) - eram gravadas em casa e, se por acaso tivessem sido produzidas em estúdio, eram reproduzidas em condições bem menos favoráveis. Mesmo um arranjo tão low tech (de baixa tecnologia) não impediu que quase 100% das bandas acima encantassem gravadoras e vendessem seus trabalhos em maior escala. Então, porque agora a cobrança é maior? A tecnologia mudou, oras, e não apenas a si própria com melhores softwares e equipamentos, mas ao mercado de compra e venda tornou a experimentação mais acessível, os estúdios menos caros, as gravadoras menos poderosas (qualquer banda que já tem mercado só sonha em alguém para ajudar a distribuir seus discos). Pablo Lopes, proprietário do Fábrica Estúdios, um dos maiores do Nordeste, lembra que no começo desta 'era', há cerca de 10 anos, ´os estúdios esvaziaram até de profissionais. Todo mundo achava que ninguém pagaria mais para gravar nada`. Ou seja, a tecnologia trouxe a independência, mas com melhores mídias para ouvir as músicas produzidas, e com a internet divulgando estas criações para todo o mundo, o nível de exigência de qualidade nas produções também aumentou. ´Por isso mesmo a minha dica para quem quer gravar e divulgar suas músicas é: economize o dinheiro da farra e entre em um estúdio`. Segundo Lopes, é impossível gravar com gasto zero, mesmo em casa, e o dinheiro que precisa ser investido depois para ´corrigir graves falhas de captação` acaba sendo maior. Odono do estúdio Mister Mouse, tecladista, professor e diretor do estúdio de áudio e vídeo da Faculdade Barros Melo (Bam / Aeso), Leo D, defende que é sim possível fazer música sem sair de casa. ´Quem não tem equipamento adequado, tem de aprender a fazer concessões, como substituir uma bateria por um sample, descobrir o software que mais atenda às expectativas do grupo e tentar produzir o que se quer`.

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