Eliminatórias do Microfonia


Institucional
novembro. 22, 2004

Borracharia Bar. Anuncia-se a primeira banda. Um cara barbudo sobe ao palco e declama uma poesia. O público presente fica observando o que está por vir. Começa oficialmente a primeira noite de eliminatória do Microfonia. O cara barbudo é Ricardo Maia, vocalista do Comuna Experimental. A banda cumpriu o tempo que foi estipulado previamente pelos organizadores, ou seja, dez minutos e apresentou três músicas, sendo uma cover. Uma falha técnica deixou Daniel Sultanum, guitarrista e vocalista da banda Retrovisôres, sem o som por alguns instantes. Tempo que Márcio Lobo aproveitou para descontrair o público presente tocando algo divertido em seu teclado, mostrando como a banda tem bom humor em todas as situações. A irreverência do grupo estava presente durante toda a apresentação que contagiou a platéia e deixou uma vontade de assistir a um show completo e não apenas a alguns minutos. Scream foi a terceira banda a subir ao palco do Borracharia Bar. Com um som pesado, o grupo surpreendeu por ter um estilo diferente. E também deixou alguns de boca aberta por ter uma ótima presença de palco e uma maturidade musical que muitos não souberam mostrar. Luzinhas de natal são colocadas ao redor do microfone. Mellotrons sobe ao palco com uma torcida organizada que fez questão de marcar presença e fazer barulho com gritos histéricos e aplausos a todo instante. Saem as luzinhas e entram tules. São as meninas do Backing Ball Cats Barbis Vocals deixando uma pista do que está por vir. O grupo, formado também por homens, é marcado pela divertida performance das barbies no palco, o que salva o show, já que os vocais ao vivo deixam um pouco a desejar. O escracho, que lembra o grupo Textículos de Mary, divertiu a platéia que parece ter gostado da brincadeira. Nos intervalos da noite, um coro era formado por um grupo à direita do palco. Gritando “Johnny Hooker”, os fãs não agüentavam mais esperar pela banda que foi a última a se apresentar. Sem luzinhas ou tules, a decoração de palco do grupo foi o próprio vocalista, Johnny, que fez questão de dar tudo de si para mostrar aos jurados e aos presentes sua performance teatral - com direito a dramáticos gritos de revolta e músicas cantadas com ele deitado no chão. Na segunda noite de eliminatórias, The Insites fez as vezes da casa e foi a primeira banda a se apresentar. Com um nervosismo que estava presente durante todo o show, o grupo deu conta do recado e mostrou serviço. A única banda de rap selecionada subiu ao palco com muita empolgação, mas não contagiou a platéia. Suas músicas ficam melhores nos cds do que ao vivo. Talvez a falta de um DJ no palco tenha prejudicado os Advogados mc’s. Sobem ao palco quatro meninas, que formam o Physalia, um grupo de punk rock. Única banda do festival formada apenas por garotas. Com um som cru, elas tocam e descem do palco sem mais delongas. Dois caras sentados no chão? Esse é o Chambaril que mistura elementos eletrônicos e colagens. Pena que o trabalho bem diferente feito pela dupla não foi compreendido pela platéia, que assistiu ao show sem dançar. Perderam de se divertir com um ritmo diferente e que muitos ali não terão a oportunidade de ver e ouvir novamente. Volver foi a penúltima banda da noite. Com um som pop, os músicos tocaram de paletó e gravata, dizendo que tinham acabado de sair de um casamento. O show contagiou a platéia que cantou a música “Você que pediu”, sucesso já conhecido dos mais chegados. Para encerrar a noite, sobe ao palco Del Chifre, banda de ska que escolheu um cover de Offspring para encerrar seu show, em grande estilo, pois a banda sofre muita influência dos gringos. Roger de Renor, produtor cultural conhecido no Recife é um dos jurados do festival. “Gostei pra caramba, um nível muito bom. Muito legal. E você vê que a gente tá seguro com um nível musical pra mostrar pra qualquer lugar do mundo uma música nova. A galera tá muito segura do que tá fazendo. E não tem uma viagem de ‘ah vou fazer porque quero ser artista, quero ser um novo Chico Science’. Achei muito legal, um nível profissional muito bom”. O produtor do Abril Pro Rock, Paulo André, também deu sua opinião sobre as bandas. “Eu acho que o nível das bandas foi muito legal. Fica difícil decidir. Agora claro, vai acabar sendo as mais legais na opinião da maioria da comissão julgadora. É um papel difícil, mas surpreendeu a todo mundo o número de bandas. As doze que estão aqui é por estarem fazendo alguma coisa de diferente”. Assim foram as eliminatórias do Microfonia. Quem estava presente sentiu o clima de um festival desse porte. As bandas deixaram claro porque foram escolhidas, mostrando que para fazer música é preciso talento, presença de palco e bom humor. O fato é que foram duas noites diferentes, com bandas diferentes, provando mais uma vez porque Pernambuco é conhecido por sua diversidade musical. (Maria Helena Silveira)

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